SÃO PAULO - (Atualizada às 15h47) A Azul informou que a redistribuição dos horários de pousos e decolagens (“slots”) do aeroporto de Congonhas que estavam com a Avianca Brasil deve ter um impacto gradual no mercado aéreo brasileiro. No dia 31 de julho, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) distribuiu os 41 slots que eram usados pela Avianca. Do total, 15 ficaram com a Azul, que ampliou a sua quantidade de slots de 26 para 41.
Também foram repassados 14 slots para a Passaredo e 12 para a MAP. As empresas terão que comprovar aos órgãos reguladores se atendem os requisitos para operar em Congonhas. Se alguma não conseguir comprovação, os slots podem ser redistribuídos pela Anac. O processo deve ser concluído até esta sexta-feira (9).
“O processo ainda não está terminado. Ter slots é muito importante e toda oportunidade que tivermos de ampliar a quantidade de slots vamos atrás”, afirmou disse John Rodgerson, presidente da Azul, em teleconferência para analistas e investidores.
Em relação aos slots no aeroporto de Guarulhos, Abhi Manoj Shah, vice-presidente de receitas da Azul, observou que existem em torno de 500 slots disponíveis para serem alocados nesse aeroporto. O executivo disse que a companhia ainda não fez pedido de slots adicionais nesse aeroporto.
Mais funcionários
Rodgerson disse ao Valor que espera contratar mais de 1 mil pessoas neste ano com a expansão da companhia aérea. “Temos muito crescimento pela frente. Este ano vamos contratar mais de mil pessoas, estamos trazendo novas aeronaves. Tenho muita esperança no futuro do Brasil. Acredito que o Brasil tem uma lacuna deixada pela Avianca Brasil. Estamos muito animados como crescimento que temos pela frente”, afirmou o presidente da aérea.
Mais aeronaves
A Azul ampliou sua frota operacional no primeiro semestre do ano em 8 aeronaves, chegando a 131. No segundo trimestre, a companhia arrendou 12 aviões A320neo da Avianca Brasil, para acelerar seu plano de transformação de frota.
A companhia espera encerrar o ano com 143 aviões em operação. Esse total inclui 46 aviões de nova geração, sendo 38 A320neo, seis Embraer E2 e dois A330neo. A projeção divulgada anteriormente era de atingir uma frota de 135 aviões no fim de 2019.
Para 2020, a companhia estima chegar a 151 aviões. Em 2021, esse número sobe para 160 aviões. Até 2023, serão 170 aeronaves.
Questionado sobre a afirmação feita na semana passada pelo presidente da Gol, Paulo Kakinoff, de que haverá um excesso de oferta de voos no país no quarto trimestre com a ampliação feita pela Azul, Rodgerson disse não ver problema. “Acho que os consumidores brasileiros querem mais oferta e é o que estamos fazendo. Não sei porque estão preocupados com excesso de oferta. Os consumidores estão preocupados com os preços que subiram quando a Avianca saiu do mercado. Estamos tentando balancear isso”, afirmou Rodgerson.
O executivo disse ainda que a companhia está “ganhando dinheiro e merece crescer”. “Vamos continuar tocando nosso plano de crescimento. Não olho muito para o que Gol e Latam fazem neste momento”, disse o executivo.
Expansão da margem de lucro
A aérea informou, na teleconferência, que está no caminho para entregar a promessa feita em 2017, de expandir a margem de lucro operacional em 5 pontos percentuais até 2020.
No segundo trimestre, a companhia registrou uma margem de lucro operacional de 13%, com ganho de 3 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado.
O fundador da Azul e presidente do conselho de administração, David Neeleman, disse que a expectativa está baseada no potencial de crescimento da margem, no desenvolvimento de novas estratégias no comércio eletrônico, na melhoria do ambiente econômico e no investimento na TAP.
A Azul apresentou, no segundo trimestre, um ganho de R$ 1,9 milhão na conta de resultados de transações com partes relacionadas, devido ao aumento do valor justo da participação da Azul na TAP. A Azul detém direta e indiretamente 47,3% do valor econômico da aérea portuguesa, sendo 6,1% provenientes de um investimento direto, e 41,25% indiretamente a partir de um bond conversível em ações da companhia.
Nova parceria
A companhia também informou nesta quinta que espera fechar em breve uma joint venture com a TAP. A intenção é formar uma parceria para voos transatlânticos. O projeto pode incluir a United Airlines, que é parceira da TAP na Star Alliance.
O acordo faz parte dos planos da companhia de crescer a oferta de voos internacionais por meio de parcerias, compensando a menor expansão de frota para voos internacionais. A aérea reviu para baixo a ampliação da oferta de assentos em voos internacionais em 2019, passando de um crescimento de 20% a 25% para 10% a 15%.
Manoj Shah acrescentou que a Azul fechou recentemente acordo de compartilhamento de voos com a Avianca Holdings para voos na América do Sul. “Temos uma boa rede de parceiros, com compartilhamento de voos com United, Avianca, Turkish, Copa, e devemos anunciar novidades. Estamos fazendo o melhor para oferecer mais opções aos consumidores, com menor risco para a companhia”, afirmou o executivo.
“A Azul está ficando não só maior, mas também melhor”, afirmou Neeleman.
No meio da tarde desta quinta-feira (8), as ações da Azul subiam 2,75%, para R$ 54,58. |
